Lena Sotto Mayor

Ser designer em um contexto digital é muito mais do que alinhar pixels e desenhar fluxos de experiência simples e intuitivos. Trabalhando com produtos digitais, somos apresentados a novos contextos e desafios todos os dias.

Recém chegada no time de User Experience (UX) do ge.globo, antigo globoesporte.com, fui apresentada a um mundo novo de possibilidades e complexidades muito particulares.

O ge.globo é o portal de conteúdo esportivo do Grupo Globo, que combina o conteúdo esportivo do grupo a conteúdo de sua própria autoria, oferecendo reportagens em texto, foto, áudio, vídeo e transmissões de eventos ao vivo. No ar desde 2003, alcançou sucesso e popularidade com o público brasileiro, registrando uma média de 7 milhões de usuários únicos por dia em 2018 (1).

Com mais de 18 anos de história, o GE já passou por inúmeras modelagens de negócio e 2020 não foi diferente. Alinhando pesquisas de mercado à estratégia de negócio, foi desenvolvida uma proposta de reposicionamento estratégico para o produto que culminou no redesign de uma de suas páginas de maior acesso – o Tempo Real.

Tempo Real sem e com transmissão, respectivamente.

Conceituando o Tempo Real

Extremamente importante para o sucesso do ge e para a estratégia de consumo de esportes do Grupo Globo, o Tempo Real representa o ápice da jornada do torcedor de futebol: o consumo da partida ao vivo. Vídeos, imagens, transmissão e narração ao vivo, descrição dos lances, cobertura pré e pós-jogo e mais – todo esse conteúdo é disponibilizado neste mesmo ambiente. O que inicialmente seriam apenas pequenas intervenções para melhorar a usabilidade e endereçar expectativas de negócio, acabou se tornando um projeto muito maior quando o time de UX se perguntou "E se não tivessemos nenhuma limitação?".

Ao contrário de empresas mais tradicionais, a Globo.com, vertical de internet do Grupo Globo, nasceu digital e, desde sua fundação, usou o design e os seus designers de maneira estratégica dentro de seu corpo técnico. Ao longos dos seus 20 anos de história, a área de UX da Globo.com cresceu em número e influência e, no momento de integração de todas as empresas do Grupo Globo, pode reforçar a importância do design para o restante da corporação.

No momento em que a equipe de negócio de Esportes apresentou os desafios e as expectativas anuais, foi natural que o time de UX se prontificasse a liderar uma iniciativa de inovação dentro do ambiente Tempo Real. Antes de pensar em desenhar a solução, estruturamos um processo em etapas para nortear esta conceituação que alinharia objetivos de negócio e necessidades do usuário.

Usando princípios do design thinking e ferramentas e dinâmicas para alcançarmos esse resultado, aprendemos muito sobre o uso estratégico do processo e como ele pode ser uma ferramenta valiosa para integração e alinhamento.

O processo de fazer design

Com a popularização do Design Thinking no começo dos anos 2000, empresas de todos os setores começaram a enxergar a criatividade – e os designers – como seus grandes aliados. Design ganhou um assento à mesa, deixou de ser um mero substantivo e passou a ser um verbo de ação (2). Como resultado, inúmeras abordagens sistemáticas passaram a ser empregadas no desenvolvimento de novas ideias e produtos.

Em 2004, o British Design Council documentou sua metodologia de design, nomeando-a Double Diamond (Diamante Duplo, em tradução livre)(3). Quase vinte anos e milhares de referências depois, esse framework tornou-se o modelo mais conhecido de design para inovação e foi fundamental para o desenvolvimento de todos os processos que o seguiram.