Os textos escritos por Platão também poderiam ser denominados diálogos socráticos, mas este ultimo é utilizado para um gênero literário onde o interlocutor entra em alguma discussão filosófica com algum outro personagem.
Aristóteles, em Poética, foi quem primeiro cunhou o termo "Sōkratikoi logoi" ("discursos socráticos", "conversações socráticas"). Embora na maioria destes diálogos socráticos o intelocutor seja Sócrates nem sempre é assim: as Leis, de Platão, e Hierão, de Xenofonte, por exemplo, são diálogos socráticos nos quais outro interlocutor conduz o diálogo, como o Estranho Ateniense e Simônides — exemplos contemporâneos de diálogos socráticos podem ser encontrados na série de diálogos em que Sócrates interroga filósofos modernos de Peter Kreeft, como "Sócrates econtra Descartes" e "Sócrates encontra Marx".
Os diálogos platônicos ou diálogos de Platão são os diálogos socráticos de autoria de Platão. Tradicionalmente, além de 13 cartas, existem 35 diálogos que são atribuídos a ele:
<aside> 💡 Para os tópicos a seguir estou utilizando como base a dissertação "Eutífron de Platão: Estudo e Tradução" de Francisco de Assis Nogueira Barros — https://teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8143/tde-12052014-102643/en.php
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Os diálogos de Platão apresentam um personagem chamado Sócrates, mas em que medida podemos afirmar que este personagem existiu de fato (Sócrates histórico) ou foi somente um recurso literário (personagem fictício)?
No livro "Sócrates — Um homem do nosso tempo", Paul Johnson argumenta que há dois Sócrates nos escritos de Platão, um Sócrates verdadeiro (o Sócrates histórico) e um utilizado como artificio (um “boneco de ventríloquo”) para propagar suas própria ideias:
Em seus primeiros escritos, Platão apresentou Sócrates como uma pessoa viva, um pensador, um homem real. Porém, conforme as idéias de Platão tomavam forma e exigiam sua propagação, o pobre Sócrates, cuja morte real Platão tanto lamentara, era morto pela segunda vez, tornando-se um mero homem sem expressão, um boneco de ventríloquo a expressar não a própria filosofia, mas a platônica. (p. 15)
Mas além dos diálogos de Platão podemos saber que Sócrates existiu através de outras fontes como Xenofonte, Aristófanes e Diógenes Laércio — também, acrescenta Paul Johnson, ****"há histórias, impressões, declarações registradas e fragmentos de informações nas obras de muitos escritores clássicos e do início da Idade Média, de Cícero e Sêneca, Plutarco e Luciano, a santo Agostinho e Tertuliano, entre muitos outros, que tinham acesso às bibliotecas totalmente destruídas na Idade das Trevas." (p. 16)